quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A Geneticista....



A expectativa pela visita da geneticista estava nos proporcionando momentos de muita ansiedade. Queríamos uma resposta mais objetiva para tudo o que ocorria, e pensávamos que ela era a pessoa mais adequada para nos trazer esse retorno informativo. O que estava acontecendo? Talvez queríamos, verdadeiramente, alguém que pudesse dizer: Não é nada disso, sua filha não tem nada de diferente de qualquer outro bebe! Cada um sabe de seus sentimentos, mas quando de trata de um filho, tudo se intensifica, pois passamos a tratar não só de nós , mas também de outro ser, e que naquele momento era ainda muito frágil.
Havia escurecido há pouco tempo, e nesse clima nostálgico da noite em um hospital, chega aquela senhora. Seu nome era Maria Tereza, se apresentou de forma bastante simpática. Nos pediu licença e foi examinar a Ana Luiza. Como não se tratava de nenhum exame evasivo, tivemos a oportunidade de ficar do lado de fora do “isolamento”, junto à porta, onde víamos tudo o que ela fazia.
Ela não se demorou naquele exame....e isso poderia representar muitas coisas, e entre elas: ser ou não nítida a existência da tal assombrosa síndrome. Ela observou os bracinhos, as perninhas, os pezinhos, o peitinho, o abdômen, e com delicadeza passou a mão na parte de traz da cabeça (essa cena me chamou mais atenção, pois sempre me questionei sobre algumas saliências nessa região, pareia que uma ficha começava a cair).
A Doutora saiu, pediu para conversar conosco, ali mesmo. O espaço era já preparado com cadeiras. Nesse momento todas as técnicas do local se retiraram.... parecia que elas queriam dar privacidade ao momento, imagino que elas já sabiam de uma resposta que nós queríamos até o último momento, acreditar não ser verdade. Ela então olhou para nós, fez algumas perguntas à cerca do histórico familiar (idade etc), e depois, com seriedade, e muito respeito disse:
-A Ana (e quando ela falava o nome da nossa filha, parecia tão graciosa a sonoridade, deve ser o respeito e o amor pelo trabalho), tem algumas características bastante típicas em crianças com algumas síndromes. Precisamos aguardar o cariótipo ficar pronto para termos à certeza.
-Mas Doutora, qual síndrome poderia ser?
-Existem duas síndromes que às vezes apresentam características semelhantes, a Trissomia do 13 e a Trissomia do 18....Mas, se houver a confirmação de alguma síndrome, acredito ser a Trissomia do 18, ou também conhecida por Síndrome de Edwards.
Olhei para ela, e com o coração apertado, ultrapassando o medo, e fazendo uma analogia respeitosa com a síndrome de Down, perguntei:
-É mais grave que síndrome de Down?
-Sim, é mais grave! – respondeu ela.
Como se aquela fosse a última gota para que transbordasse um grande recipiente de incertezas, começamos nós, eu e a Elizangela a chorar. A Doutora, ficou em silêncio, esperando passar aqueles momentos. Ela deve ter presenciado muitos desses casos, afinal de contas é a área de atuação dela. Logo nos tranqüilizamos um pouco, e questionei sobre o tempo de vida, o que ela respondeu, categoricamente:
-Hoje não se costuma mais se falar em tempo de vida, pois a medicina está bastante avançada em se comparada há tempos a traz. Porém nesses casos geralmente o tempo é curto, vai depender muita das más formações. Sabemos por exemplo, de um menino aqui em Porto Alegre, com a Síndrome de Edwards, com 15 anos... ele não tem más formações tão importantes, e parece que até está começando a dar uns passinhos, e tem alguma comunicação.
Então havia alguma chance de vida, esse era o meu pensamento. Quem sabe corrigindo a cardiopatia ela não ficasse bem? Mas mesmo, a doutora falando que a Ana Luiza tivesse as características típicas de um bebe sindromico, preferia acreditar na chance de não ser. Não saberia dizer, se era esperança ou auto proteção esse meu sentimento...mas tinha a certeza, que minha filha precisava de mim. Deveria seguir confinado!
A Doutora saiu, e antes disso nos informou de que nos encontraríamos novamente após o exame estar pronto.
Nós entramos, para ficar mais um pouquinho com nossa filha, e depois voltamos para o albergue, precisávamos descansar.



Essa impressão de estarmos vivendo um sonho estranho, permaneceu algum tempo. Imagino que na maioria dos casos seja assim.




Abraços
Eloir

2 comentários:

  1. Oi Eloir!
    também passamos por essas angústias e incertezas até sabermos o resultado do exame genético do Guilherme. Eu também sempre pedia a Deus que o Guilherme pudesse viver não importando suas limitações, pois eu tinha muito amor para dar à ele... eu queria ele do meu lado, e quando recebemos a resposta do exame confirmando que ele tinha a displasia diastrófica e não a tanatofórica (que era letal) que era uma suspeita, meu coração se encheu ainda mais de amor e então eu tinha que juntar forças para esperar pelo seu nascimento e para estar ao seu lado para enfrentar as lutas que viriam! Mas uma a uma estamos vencendo!!!

    um abraço carinhoso!

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  2. oi..tbm tive um anjo ISADORA..com a trissomia do 18..ela foi embora dia 02/11/2010, ainda é mto dificil...mas fiquei feliz..e gostaria de saber qto tempo depois sua esposa engravidou novamente..estou anciosamente, buscando respotas, se posso ou não ter outro bb, meu sonho, e se DEUS permitir, quero logo!! abraços e tudo de bom pra vcs...me chamo silvia, meu msn...mendes.silvia@hotmail.com!

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