segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Hospedagem, leite materno e seqüencia na história

Amanheceu, eu e a Elizangela permanecemos no hospital. Eu não havia comentado nada sobre a conversa com a médica da noite, quis preservá-la dessa tensão. Fomos chamados pela médica deste turno, para conversarmos um pouquinho. Entramos na tal sala de reuniões da uti e nos deparamos com a médica. Uma jovem senhora, talvez quarenta anos. Muito simpática, mas tratava tudo com muita seriedade. Sobre a mesa uns dois ou três livros abertos, parecia que estava pesquisando algo. Seu nome era Andréia.Ela se apresentou, nos convidado a nos sentarmos.
Essa seria a médica responsável pelo caso da Ana Luiza enquanto ela ficasse no Hospital Mãe de Deus. Ela começou a falar:
- Ontem minha colega já falou algo. Talvez sua filha seja portadora de uma síndrome. Sei que vocês não queriam, afinal de contas ninguém queria. Vamos encaminhar um exame chamado cariótipo, para identificar. E também já chamamos uma geneticista.
-Vocês suspeitam de alguma sindrome em especial, tem como nos falar?
-Não podemos afirmar, porém temos algumas suspeitas de que talvez seja a Trissomia do 18 ou do 13- apontando para os livros-...quem poderá falar melhor é a geneticista e para confirmar mesmo somente o cariótipo.
Pra mim tudo era muito distante. Lembrava alguma coisa do colégio, mas tinha a impressão de que essas síndromes eram na verdade "leves", e que minha filha teria um vida "normal".
Terminamos a conversa, a médica se colocou a disposição para qualquer coisa.
Passamos pelo "isolamento" (ou isola como era chamado), ficamos olhando um pouco a Zizinha e depois saímos.
Precisávamos agora achar um lugar para ficar, afinal de contas Porto Alegre fica cerca de 500 Km de Ijuí, e não tínhamos parecentes lá.
Já sabiamos de um albergue na capital, que era mantido por um Deputado Estadual natural de Ijuí, que era muito bondoso e prestativo, e que não pedia nada em troca.
Uma amiga minha já havia entrado em contato com o responsável por esse local, e nos passou a localização, telefone, etc.
Fomos de taxi. Ficava à uns 15 minutos do hospital (de carro). Ficava numa rua pequena, tranquila durante o dia. A casa era bem linda, clarinha , com arquitetura antiga.
Entramos, o rapaz que cuidava nos recebeu respeitosamente. Nos informou o funcionamento: os quartos eram separados para homens e mulheres, o banheiro era coletivo, a cozinha poderia ser usada mas deveria ser mantida em ordem e a limpeza da casa era realizada por todos.
Ficamos tristes em saber que iríamos ficar separados...mas como aquele dia não tinham muitos hospedes, ele permitiu que ficássemos juntos. Ficamos mais felizes, agora!
Logo encontramos, hosptedados, um bebezinho com a mãe e a tia. Ele havia operado o coração e estavam quase indo embora...eram uma alegria só. Ficava imaginando: quando vai chegar o nosso dia?
Tomamos um banho. Comemos alguma coisa e voltamos para o hospital.
A uti e a salinha dos pais estava cheia de papais e mamães. Aí começava nova etapa, o contato com todos, as troca de experiências.
A enfermeira, convidou a Elizangela a esgotar o leite na maquina. Estávamos preocupados, que a Elizangela não tivesse mais leite, depois de tanto agito. E lá se foram as duas, para uma salinha especial.
Alguns minutos depois saiu a minha esposa, com um sorriso largo, dizendo:
-Aqui eles tem dois bebezinhos que sugam o leite lá dentro!
-Como assim? - perguntei com leve sorriso, e com ar de desentendido.
- A maquina imita à sucção dos bebes...Você não acredita a quantidade de leite que consegui extrair? Um montão...acho que foi mais do que todo o leite que já tinha tirado até agora..
Rimos os dois. Ficamos tranquilos, pois sabíamos que o leite seria muito importante para Ana Luiza. Com isso comprovamos a importância que o hospital dava ao leite materno...devia ser algo importante senão não incentivariam, não é mesmo?

Esses momentos foram muito intensos...preciso dividi-los em várias etapas. Na próxima postagem: a conversa com a geneticista e a rotina de pais de uti vai se revelando.

Abraços

Eloir

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