segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Novos momentos...

Os dias seguiram, a Ana Luiza permanecia na incubadora, a Elizangela esgotando o leitinho e eu "pra lá e pra cá".
Algumas poucas visitas "discretas", ninguém sabia muito bem o que dizer, mas sempre saía uma palavra amiga de felicitação e conforto.
O cardiologista foi ao Hospital, conversou novamente conosco, desenhou em um papel o que a Ziza tinha no coração. A Elizangela já estava mais preparada, foi mais fácil ter deixado que o Dr falasse das questões mais complicadas.
estávamos há três (03) dias no hospital, minha esposa teve alta. A principio tudo tranquilo! Arrumamos as coisas, passamos rapidamente no berçário e fomos embora. Chegando em casa... Tudo tranquilo? Talvéz não estivesse tão tranqülo assim: uma sensação de que estava faltando algo em casa! Na realidade estava mesmo...queríamos nossa filha conosco...esperamos por isso durante nove (09) meses. Nos olhamos...num silêncio indescritível, se caísse uma agulha ouviríamos. Alí permanecemos...deixamos correr algumas lágrimas. E antes que começássemos com as lamentações, falamos: Vamos voltar para o hospital!
Estava se iniciando uma nova rotina, hospital-casa, casa- hospital. Nos sentíamos "confiantes"...a Zizinha iria ganhar peso, faria a cirurgia, e ficaria bem...agora era só ter paciência.
No primeiro sábado, como numa busca por novas energias, fui até a instituição religiosa que frequentamos, para acompanhar os trabalhos com um grupo de 80 crianças carentes. Foi muito bom: crianças sempre tem muita energia boa. Conversei com alguns conhecidos, e acabei conversando mais diretamente com a coordenadora. Muito simpática, delicada ao falar, me trazia novas esperanças, ela teve também um bebezinho com problemas cardíacos, e que havia falecido.
Voltei ao hospital, e transmiti as boas energias que eu havia recebido.
Naqueles dias iniciaram-se alguns procedimentos...como a Ana Luiza precisava receber medicação pelo "sorinho", e ela estava com dificuldade de acesso, foi preciso realizar uma "flebo" (não sei como de escreve, mas é assim que falavam pra nós. É um acesso, onde se pega uma veia mais profunda, e que dura mais tempo do que o acesso comum).
As visitas também começaram a aparecer, mas ninguém podia entrar: todos ficavam olhando ela através de um vidro. Olha era meio difícil, pois ela era muito pequena, e dentro da incubadora dificultava mais ainda! Eu então entrava, tirava umas fotografias e saía para mostrar a todos...ficavam apontando semelhanças no pai (eu -rsrs), na mãe, na avó e até no avô. Alguns detalhes como os dedinhos do pé, diziam que era parecido com os do pai (eu sempre tive as unhas encravadas...ai!). Esses pequenos sinais poderiam nos dizer tantas coisas...mas falaremos mais pra frente sobre isso!
Ela ia ganhando peso aos pouquinhos, pois também não podia receber muita alimentação devido à restrição hídrica (por causada cardiopatia). Até que um dia tivemos uma grande alegria, a Ziza havia ganho 50 gramas em um único dia. Pensamos: agora ela engrena de vez...ELA VAI FICAR BOA! Poucas horas depois o primeiro grande susto: PAUSA RESPIRATÓRIA. Foi na nossa frente, mas nem percebemos. que a técnica mexeu com ela e aumentou o oxigênio.
Minutos depois o Cardiologista, chegou para uma avaliação de rotina...ele também ainda não sabia. Mas viu que a "corzinha" estava diferente e ao ouvir os coraçãozinho perguntou: "Ela fez apinéia?" A técnica olhou para ele e confirmou com um sinal positivo com a cabeça.
Ele foi até nós e disse: "Vamos precisar levar a pequena para Porto Alegre, talvéz ela venha a precisar de recursos que não dispomos aquí na região!"
Gente que susto! Aquí, pra nós, ir para Porto Alegre é sinal de "última coisa a se fazer".
Começavam os contatos com plano de saúde, transporte e Hospital da capital gaúcha.
O nosso plano de saúde não cobria transporte...mas com o auxilio de pessoas maravilhosas conseguimos o transporte com o Sistema se Saúde Público.
Precisamos buscar autorização do Plano, que liberou sem nenhuma ressalva...disseram inclusive que havia total cobertura.
Quanto ao Hospital, o Pediatra e o Cardiologista escolheram o melhor daquí do estado: Hospital Mãe de Deus. A vaga foi conseguida com tranquilidade.
Ficamos então esperando a ambulância chegar para nos deslocarmos...

O maior medo sempre é de não saber o que está por acontecer...o que o futuro nos reserva. A tranquilidade de poder viver o momento é o melhor "antídoto" para sofrer menos. Acho que tivemos esse comportamento, pois apesar da nossa dor ser grande, ela poderia ser desesperadora. Sempre tivemos como meta o amor e o bem estar da Ziza...não estavamos fugindo do foco.

Amigos! Sigamos irmanados no foco principal das nossas vidas: AMAR. Cada um tem uma forma, mas nunca tenhamos medo de aproveitar cada momento da vida!

Na próxima postagem falarei sobre a viagem, a chegada na UTI Neo-natal e os primeiros atendimentos.
Continuamos aguardando seus relatos!

Abraços com muito respeito e carinho,

Eloir

Um comentário:

  1. Olá Eloir,

    sou Andréia, mãe do Guilherme!
    Meu bebê está com 9 meses e tem uma má formação esquelética, um tipo raro de nanismo. Descobrimos sua deficiência quando eu ainda estava grávida e foi uma benção poder ter ele conosco.
    Fui as lágrimas lendo teu depoimento, pois passamos por vários sustos também, mas um a um fomos vencendo e nosso pequeno gigante nos surpreende a cada dia!
    Muita força nessa luta de vocês.
    Se quiserem conhecer um pouco mais da nossa história também temos um blog:

    http://nossopequenogigante.blogspot.com/

    há moramos pertinho... somos de Santa Maria!
    um abraço,
    Andréia, Cassiano e Gui!

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