sexta-feira, 13 de agosto de 2010

As lágrimas e o auxilio começam a surgir

Um dia após o parto, a mãe já pôde levantar da cama, e eu fui levá-la para ver a nossa "filhotinha" no berçário. Lá fomos nós, a Elizangela na cadeira de rodas, eu conduzindo e uma técnica em enfermagem acompanhando. A Ana Luiza estava na incubadora, mas era possível tocá-la por uma janelinha. Foi realmente um momento muito bonito, família toda reunida (pai, mãe e filha). Naquele momento também começava a batalha chamada"esgotar o leite". A Elizangela fez 1ª extração, saíram alguns mls, que já foram oferecidos à Ziza por uma sondinha. Eu estava lá, rondando e tentando ajudar de alguma forma. Se iniciava algo também novo, que se seguiria por longos meses.
Voltamos para o quarto, e logo apareceu o pediatra, com muita simpatia e discrição, e dizia: "Lembram que a Ana Luiza está sendo tratada como um prematurinho? Então, como é comum nos prematuros, observei um soprinho no coração. Precisamos a avaliação de um cardiologista pediátrico. Não fiquem preocupados, e vamos esperar a avaliação."
Ficamos tranquilos, mas tudo parecia meio fora de lugar..Qual a razão do baixo peso da Ziza? E agora esse "soprinho!
Logo na primeira hora da tarde chegou o cardiologista pediátrico, tão jovem quanto o pediatra, porém um pouco mais sério, mas igualmente gentil. Apresentou-se e disse: "Avaliei a Ana Luiza agora, e percebi um sopro no coração. Não sei dizer nesse momento do que se trata, mas talvez não seja o conhecido "sopro inocente". Precisamos fazer um "ecocardio", marcamos para amanhã pois precisa ser feito em uma clínica fora do hospital.
Ele se despediu, pediu para que permanecêssemos calmos.
Aí o mundo começou a cair! Ficamos muito apreensivos. Qual seria o problema, será que nossa filha nasceu com algum problema sério no coração?
No dia seguinte, acordamos cedinho, ajudei a Elizangela com o café e fui acompanhar o banho da Ana Luiza. Foi tão lindo, e rápido também, não deu tempo nem pras fotos.rsrs. E em seguida nos avisaram que a ambulância que nos levaria até a clínica havia chegado.
Fomos eu, a Ziza (claro!), uma técnica e a enfermeira, mais a incubadora e um tudo de oxigênio. Que coisa estranha esse monte aparato pra irmos até a clínica. Era necessário naquele momento!
Estava tudo pronto para o exame: o Cardiologista Pediátrico, os equpamentos, enfim era uma equipe que pra mim parecia grande. A Ziza estava bem assustada, chorava, se mexia muito, o Dr cogitou em a necessidade de sedá-la...graças a Deus não foi preciso.
Ouvia o médico falando, via aquelas imagens, e entendia cada vez menos a situação. Ele chamou um colega para observar uma imagem em especial: eles conversavam utilizando termos técnicos, e eu em alguns momentos "sentia" que eles diziam não ser nada grave, em outros a expressão era de que o caso era gravíssimo. No final, o Cardiologista chegou para mim e disse:
-Sua filha tem uma cardiopatia importante, chamada CIV.
Eu questionei:
-Mas o que é isso? Tem tratamento? O que pode ser feito?
Ele, me olhou, e delicadamente respondeu:
-Para que você entenda melhor pode-se dizer que é um buraquinho no coração, e o único tratamento é cirúrgico, pois esse buraquinho é muito grande!
Eu tentei segurar, mas não conseguí, comecei a chorar discretamente, era uma dor tão grande, era um medo tão forte. Parecia que um buraco se abriu abaixo de mim e eu estava caindo como num pesadelo que não se chega nunca ao fundo. Nesse momento, percebi, que Deus não nos desampararia, Ele já havia colocado pessoas boas no nosso caminho. O Dr colocou a mão no meu ombro, sentí que ele queria me dar um consolo que naquele momento não era possível, e disse:
-Desculpa, eu não podia deixar de falar. Não se desesperem! Vamos medicá-la, e vamos esperar ela ganhar peso, é isso que importa agora!
A técnica e a enfermeira me olharam, sem nada dizer. Em seguida me chamaram para retornar ao hospital.
Chegamos, e eu continuava desolado. Não sabia o que fazer, nem tão pouco o que dizer á minha esposa. Me aproximei da janela e fiquei olhando para um jardim muito lindo, buscando forças. Nesse momento passou por mim a enfermeira, que disse, de forma talvez não muito doce:
-Cuidado como vai dar a notícia à mãezinha!
Fiquei sem qualquer reação, pensei um pouco, afinal de contas ela tinha mesmo razão: O que dizer á mãezinha.
Fui ao quarto, e disse:
-A Ana Luiza tem um soprinho no coração. Não entendi bem o que o médico disse, mas ele disse que vão medicar, que tem tratamento e que ela precisa ganhar peso!
Meu dia foi horrivel. Não via a hora da Elizangela dormir um pouco....queria muito chorar, chorar, chorar...não queria que ela percebesse que eu estava "apavorado".


Amigos queridos! Talvez o início da luta com nossos pequeninos seja sempre muito doída, porém precisamos buscar forças. A Associação Sindrome do Amor é uma grande força de auxilio e ampararo para todos nós.

Aguardamos o seu depoimento.

Muita paz e felicidade a todos nós

Eloir

Nenhum comentário:

Postar um comentário